sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Capitães da Areia - Jorge Amado

Capitães da Areia - Jorge Amado

Editora: Record
Ano da Edição: 1980
Páginas: 231
Título Original: Capitães da Areia

Sinopse
Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.



Resenha

Ontem, 10/08/2017, seria o aniversário de 105 anos de Jorge Amado. Por isso, resolvi fazer uma resenha sobre Capitães da Areia, um dos livros mais famosos dele, que li para o vestibular e me encantei com o autor.

O livro conta a história de um grupo de meninos de rua, que vivem sozinhos à margem da sociedade. O livro serve como uma denúncia social, uma crítica à sociedade da época, que, infelizmente, ainda é muito atual.

O bando de Pedro Bala é um grupo de menores infratores, eles roubam e às vezes praticam atos de violência, mas o autor os descreve e conta as suas histórias de forma única, que nos envolve e até comove. Nós da classe média entendemos um pouco sobre o outro lado da vida. Sobre como é viver abandonado, sem família, sem ninguém que cuide da gente e como é ter que amadurecer e lidar com a vida difícil para sobreviver. Jorge Amado consegue nos comover com a história desses meninos. Apesar das violências, dos roubos, eles são apenas meninos tentando sobreviver. A cena no carrossel é uma das mais icônicas da literatura brasileira para mim: ali vemos os meninos como eles deveriam ser, apenas crianças se divertindo; vemos que tudo que eles mais queriam era poder ser crianças, mas não tiveram essa oportunidade. Não é que vamos dar um passe livre para qualquer tipo de coisa e perdoar todo ato ilegal ou imoral que eles fazem, é só que vemos as relações entre eles, vemos o sofrimento deles. E vemos como eles são marginalizados, sem direito às coisas mais básicas. Experimentamos a vida da perspectiva deles. Percebemos que tudo na vida vai mais além do que os nossos olhos podem ver e julgar em uma primeira impressão.

E cada menino do bando tem uma particularidade e uma personalidade peculiar. Cada menino é único e cada um traz algo diferente para o grupo, que quando juntos, formam uma verdadeira família. Pedro Bala é o líder o do grupo, mas os outros são tão presentes e tem suas próprias histórias ao longo do livro: Sem-Pernas, Gato, Professor, Boa-Vida, etc. E a chegada de Dora, a primeira menina a “entrar” no bando, vai agitar e modificar a dinâmica e as relações do grupo.

É um livro realmente incrível, que emociona o leitor e nos leva a uma reflexão necessária sobre a sociedade. Não foi à toa que o livro causou o que causou quando foi lançado na década de 30. E apesar de ser tão antigo, o enredo, os questionamentos e as reflexões continuam sendo relevantes atualmente. Li para o vestibular, mas me encantei pelo autor e o livro se tornou (e continua sendo) um dos meus favoritos.

A edição que li é a de uma antiga coleção especial da Editora Record só de Jorge Amado. São livros que meu pai já tinha desde antes de eu nascer. É uma coleção linda, capa dura, com um modelo em alto-relevo do rosto do autor e a assinatura dele em dourado na capa. Enfim, é uma coleção linda, mas os livros do Jorge valem a pena de serem lidos em qualquer edição.




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