segunda-feira, 3 de julho de 2017

O Leopardo - Giuseppe Tomasi di Lampedusa

O Leopardo - Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Editora: Cia. das Letras para TAG
Ano da Edição: 2017
Páginas: 384
Título Original: Il Gattopardo

Sinopse
Romance histórico situado na segunda metade do século XIX, "O Leopardo" conta a fascinante história de uma aristocracia siciliana decadente e moribunda, ameaçada pela aproximação da revolução e da democracia. O enredo dramático e a riqueza dos comentários, o contínuo entrelaçar de mundos públicos e privados e, sobretudo, a compreensão da fragilidade humana impregnam "O Leopardo" de uma particular beleza melancólica e de um raro poder lírico, fazendo dele uma das obras-primas da literatura.



Resenha

Esse é o tipo de livro que eu não escolheria comprar, que estava pensando que seria chato e me surpreendi. Não foi à toa que um ganhador do prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, indicou este livro. É muito bom mesmo! Mas não é um livro para se ler a qualquer hora, acho que consegui apreciá-lo melhor porque li a revista TAG antes, como sempre faço, para me ambientar e saber o contexto da história e do momento em que foi escrito também.

Também procurei o que povo estava falando do livro no app da TAG e muita gente estava reclamando de que era meio enfadonho. Então, um dos associados recomendou ler aos poucos, sem pressa, e prestando atenção na linguagem utilizada. Já nem me lembro o nome do cara que disse isto, mas segui o conselho e não me arrependo.

Se eu tivesse tentado ler rápido, teria me frustrado, pois a linguagem é bem rebuscada (tive que consultar o dicionário algumas vezes), parece que foi escrito na época em que se passa (os anos 1860). Contudo, eu não me incomodei, aliás, achei que a linguagem usada ajuda a nos inserir no ambiente aristocrático onde se passa a história.

O personagem principal é o Príncipe de Salina, um aristocrata siciliano, e o livro começa no ano de 1860. Nesta época, a Itália estava no meio de seu processo de unificação e Garibaldi tinha acabado de chegar à Sicília. Ou seja, era uma época em que o domínio da nobreza já estava em decadência e a ideia de ter uma república ganhava vida*, e é esse pensamento que dá o tom melancólico ao livro. Afinal, acompanhamos tudo pelo lado do aristocrata que se vê perdendo o prestígio.

Some-se a isto o fato de que ele estava passando pela crise da meia idade também, então temos muitos momentos de reflexão e introspecção do Príncipe. Não é um livro de ação, não acompanhamos as lutas e batalhas da unificação, ficamos sabendo de tudo pela ótica do Príncipe, no conforto de seu palácio. É um livro sobre como se sentiam os nobres decadentes, vendo a burguesia tomar conta de tudo com o apoio do "povão", mas sabendo que o povo estava sendo iludido, que só mudariam os nomes de quem estava no poder, mas a miséria do povo continuaria a mesma.

É difícil explicar porque gostei tanto de um livro tão pessimista, mas um dos pontos de que mais gostei foi o estilo de narração. Às vezes, o narrador interrompe a narração dos eventos presentes para nos dar um vislumbre do que acontecerá, se o Príncipe se enganou ou acertou nas suas especulações. Acima de tudo, o narrador é bem irônico, dando um "alívio cômico" ao pessimismo do Príncipe.

Também acho que todos nós podemos nos identificar um pouco com o Príncipe Fabrizio, especialmente com essa crise política brasileira, parece que muita coisa se aplica a nós. Enfim, a história não é longa, termina na página 275 do livro, tendo mais de cem páginas de apêndices com biografia do autor, sobre a consolidação do texto do livro, cronologia e mais. Deixo vocês com um dos pensamentos do Príncipe:

"[..] tudo continuará na mesma quando tudo tiver mudado." - p. 36  


 *embora, na verdade, a Itália só se tornaria uma república no século XX.


p.s.: O kit de maio gerou uma certa polêmica no app da TAG, pois teve gente dizendo que o mimo (essa flâmula de pano - sei lá como se chama) era feio e inútil e que o design geral do kit estava feio também. Enquanto outras pessoas se puseram a defender e tudo mais; foi uma discussão meio acalorada lá no "cafezinho". Como não coleciono pôster ou essas flâmulas, o mimo realmente foi inútil para mim, sem contar que, realmente, não é muito agradável aos olhos =P. Quanto à parte gráfica do kit, não achei feia, mas decididamente não está entre os kits mais bonitos. Só que o conteúdo do livro e da revista compensaram.


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