segunda-feira, 26 de junho de 2017

A Leitora - Traci Chee

A Leitora - Traci Chee

Editora: Plataforma 21
Ano da Edição: 2017
Páginas: 464
Título Original: The Reader

Sinopse
Era uma vez um mundo chamado Kelanna. Um lugar tão maravilhoso quanto terrível, onde ninguém sabia ler. Lá, as histórias não eram registradas em papel como esta que você está prestes a ler, elas eram simplesmente transmitidas de geração a geração. Em uma dessas lendas, falava-se de um objeto misterioso que guardava a maior magia que o povo de Kelanna já conheceu: o livro. Quem soubesse interpretá-lo teria acesso a um poder inimaginável.

Após o assassinato de seu pai por uma organização misteriosa, a jovem Sefia recebe de herança um estranho objeto retangular, que pode ser a chave para desvendar seu passado. Para isso, ela precisará aprender a decifrá-lo para entender o que o torna tão valioso e se tornar uma leitora. Magia e grandes perigos, como o terrível Flagelo do Leste e sua famosa frota de piratas, cruzarão seu caminho. Mas você se engana se acha que Sefia enfrentará tudo sozinha…



Resenha

Gente, eu terminei o livro sem saber direito que nota dar e estou aqui tendo dificuldades em escrever uma resenha que não seja enorme. Por um lado, o livro tem várias coisas que adorei, por outro, tem algumas falhas e a pior é que a premissa na qual tudo se baseia - um mundo sem palavra escrita - não é nada verossímil.

Ao ler a sinopse, fiquei bem intrigada: como seria um mundo onde ninguém (apenas uma sociedade secreta) sabe ler ou escrever? Não é como se os livros tivessem sido banidos, é que as pessoas não sabem o que é um livro, nunca pensaram que pudessem apresentar palavras e ideias sem ser falando. E é aí que está a falha: como pode existir um mundo onde seres humanos nunca pensaram em talhar suas histórias em madeira, argila, ou qualquer coisa? Simplesmente não cola.

E, ao ler resenhas de outras pessoas no Goodreads, alguém lembrou bem que tem, sim, representação escrita: as placas de tavernas e lojas têm símbolos para denotar o que são. Não se usa o alfabeto fonético das línguas ocidentais, mas símbolos são usados para representar palavras. Uma vez que temos isso, como as pessoas não criaram símbolos para representar o próprio nome e todo o resto? Como se pode administrar reinos ricos, organizados, com marinha, impostos e tudo mais sem nenhum registro escrito?

A autora pecou porque quis exagerar, quis criar um burburinho em torno da ideia mirabolante de um mundo sem escrita, só que a ideia não se sustenta. Ela podia criar a mesma história e simplesmente dizer que não conheciam a linguagem em que O Livro está escrito, era uma língua mágica. Um livro infinito que contém toda a história do mundo já é fantástico o suficiente sem precisar dizer que não existe mais nenhum outro livro em toda a terra.

Agora, se desconsiderarmos esta falha de construção (eu estou com um espírito caridoso), aí podemos ver que o resto da história é bom. Tem magia, piratas bonzinhos, piratas malvados, tem O Livro de páginas infinitas com toda a história de Kelanna (o mundo deles), uma sociedade secreta que está atrás d'O Livro...

A história começa meio devagar, afinal é um mundo fantástico e a autora precisa introduzi-lo, mas depois fica bem dinâmico. O melhor do livro são as histórias do Livro e a parte gráfica em si. No início de cada capítulo tem o símbolo do reino onde se passa aquele ponto da história, o que ajuda o leitor a se situar. Também há vários elementos gráficos, como manchas de tinta, partes do texto que estão esmaecidas, que têm tudo a ver com o que estamos lendo, ou que compreendemos mais tarde. Realmente, a parte gráfica foi bem bolada.

Quanto aos personagens, eu não me apeguei ao dois adolescentes principais, Sefia e Arqueiro, achei-os sem graça. Como é um livro YA (young adult), a personagem principal tinha que cometer erros bobos que quase lhes custam tudo. Sério, os autores YA têm que parar com isso! Eu gostei mesmo foi da tripulação do Corrente, principalmente do Capitão Reed, e da história de Lon e Segunda. Eu quero muito saber mais sobre todos eles, só não sei se aguento ter que ler muito mais sobre Sefia e Arqueiro. =P

Enfim, se você não suporta mais protagonistas adolescentes cometendo erros estúpidos ou não consegue deixar passar essa coisa de que as pessoas simplesmente são burras e nunca inventaram símbolos para escrever, não pegue neste livro. Mas se está disposto a relevar estas coisas, você vai gostar da parte gráfica e vai amar o Capitão Reed e toda sua tripulação.

Mar de Tinta e Ouro
  1. A Leitora (The Reader)
  2. The Speaker (ainda não lançado)
  3. Ainda sem título (mas a autora disse que é uma trilogia)


p.s.: O kit de abril do Turista Literário veio bem recheado, com coisas muito úteis. Como souvenir, veio um copo plástico (teoricamente térmico) com uma bela arte e citação do livro. Veio uma pena verde (que remete a um presente que Sefia recebeu) que é também uma caneta. Também veio uma garrafinha com sais para fazer um escalda-pés. Além do guia de viagem e tag de sempre, enviaram também uma carta da autora.

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